sexta-feira, 24 de março de 2017

Face Oculta


Face Oculta
(Teresa Augusto Shanor)


Em momentos que fico só, diante do altar da vida, deposito as minhas armas de luta e me dispo da armadura de guerreira, me entrego feito criança, de peito aberto e, abrindo a minha alma, converso comigo mesma, sobre tudo o que tenho feito e vivido e percebo que apesar de minhas fraquezas, dos meus defeitos, tenho sido sincera na minha entrega, no meu sentir, no meu fazer as coisas, na maneira como acredito ser o melhor para mim e para todos os que amo ou estão de certa maneira ligados a mim.

As vezes, dou voltas por situações, mas é por cautela, para não fazer tudo apressado, acabando por fazer tudo "errado", embora no meu ponto de vista, não exista o certo ou errado, existe apenas o que pode ou não melhorar ou prejudicar a nossa vida e a vida dos que estão conosco ligados, mas procuro ser coerente com o que acredito ser a melhor atitude para comigo e para com todos.

Costumo agir de acordo com minhas convicções e não me importo se todos estão a discordar.

A vida sabe, quem sou exatamente.

E ela cobra de cada um de nós, exatamente o que mais receamos, pois é neste ponto de receio que mora a nossa grande fragilidade.

E esta minha face oculta, está onde limita-se a razão e a loucura que guardo no labirinto das minhas emoções.

Minha face oculta é frágil e forte; ligada e desligada; triste e alegre; covarde e corajosa; tem sede de viver e não tem medo de morrer, pois sabe ser a morte aparente; é interessada e friamente desinteressada; ama intensamente e não tem forças para odiar, pode quando muito, se afastar; se sente desacreditada de quase tudo, embora use a esperança para remar, num esforço tremendo para não abandonar a luta da vida que ainda precisa travar.

Sei que é preciso ser útil e a todos ajudar, mas existem momentos que fico a suspirar, pensando se paro ou se vou continuar. O fardo é pesado e a vida aí está a nos cobrar.

Me vem então a consciência de que é preciso caminhar, no ser humano acreditar, o cansaço e a desilusão abandonar.

E volto para a guerra, na lida diária a esperançar.

Acende-se a luz, visto novamente a minha armadura, empunho de novo minhas armas e lá vou eu, outra vez, tentar acertar.

E em meio a tudo isto, sorrio para mim mesma, tentando me alegrar.
Sorrir é minha característica mais forte, é como uma sina a carregar.
Sorrio para tudo e para todos e adoro gargalhar. E nem é preciso piadas, basta apenas eu me olhar. Devo ser uma palhaça, que fabrica sua própria alegria, mas com sentimento profundo e sincero, que mesmo caindo mil vezes, não tem jeito, sempre recomeça do zero.

24/11/2009


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