Amo o Mar.
Nasci no interior de São Paulo, mas minha paixão pelo mar vem desde pequena, quando mudei-me com minha família para uma cidade praiana, por causa da transferência do trabalho de minha mãe, da Secretaria da Fazenda em São Paulo, capital, para o Instituto de Pesca de Santos, litoral sul de São Paulo.
Na praia, cresci, estudei, fiz amigos, namorei muito nos belos jardins da praia de Santos.
Adorava ficar horas a fio encostada nas muretas da Ponta da Praia, um bairro de onde se vê os navios passarem pela Barra, absorta, sentindo a brisa na pele, os cabelos esvoaçando e respirando toda aquela maresia. Olhava o horizonte e namorava o por do Sol, o brilho colorido nas águas e a marola suave como um tapete ondulante sobre a água.
Eu literalmente namorava o Mar.
Quando eu queria namorar o meu namorado, eu ficava nos jardins da praia ou na areia, mas quando eu queria namorar o Mar, eu ficava alí, sozinha, em frente ao canal da Barra, quietinha, sem falar com ninguém, só absorvendo toda a energia que o som do mar me passava e, sentia uma nostalgia profunda e saudade de algo que nunca descobri o que era. Simplesmente sentia...
Meus olhos ficavam fixos na água, quase não pestanejava e me sentia parte do Mar.
Era algo mágico.
Eu e o Mar.
No mar, naveguei em barcos, canoas, Ferry Boats onde fazia travessias a pé, de carro, de moto, com chuva, com sol.
Na praia, jogava volei com os amigos, mergulhava nas águas rasas, recolhia os mariscos que meus amigos pegavam no fundo do mar e os preparava em fogueiras entre as pedras; me empapuçava de Lambe-lambe um prato à base de marisco cozido com arroz e várias ervas.
Na praia, à noite, ia em grandes shows a céu aberto, patrocinados pela prefeitura local, na temporada de verão, onde todos se encontravam, e a segurança era feita diretamente na areia, por cavalos militares, que ficavam passeando vigilantes rente às águas da praia para evitar assaltos, tumultos, etc...
Na praia, casei, tive meus filhos, levava-os todo fim de semana para tomar banho de Sol na areia, tirava fotos que eram revelados em pequenos binóculos e hoje viraram digitais.
Na praia, fiz amigos maravilhosos que conservo até hoje, apesar da distância.
Na praia conheci muitas pessoas que me ensinaram a viver e entre elas, uma em especial que me fez entender o valor de todas as coisas, tanto materiais, como sentimentais. Com essa pessoa, aprendi a ser gente, amiga, mulher e a entender a diversidade de pensamentos e costumes tão peculiares às raças. Aprendi o valor de ser único no mundo, no Universo, aprendi a me valorizar, não no ponto de vista que as pessoas estão acostumadas, mas num ponto de vista que me é difícil aqui explicar. Algo muito refinado a nível de Alma.
Junto ao Mar, conheci pessoas de várias raças e costumes diferentes da nossa.
Junto ao Mar, conheci a doçura, o amargor, a alegria, a dor, a loucura, a lucidez, o frenesi inconsequente e o equilibrio da dignidade. Conheci também, pessoas altruístas, desapegadas, apegadas e cidadãos comuns e marginalizados pela realidade desse País.
Foram 34 anos de namoro e paixão pelo Mar. Depois voltei para o interior, num tour de vários anos e finalmente me instalei na cidade onde nasci.
E por este amor ao Mar, tão eterno, é que escolhi o tema Mar para criar este Blog, onde posto um pouco de tudo, tendo sempre como tema, o Amor e o Mar.
Teresa Augusto Shanor