Mar da Vida
Teresa Augusto Shanor
Há certas coisas nesta vida, que nem mesmo uma pessoa, rica e poderosa, altamente instruída, é capaz de possuir se não tiver respeito ao direito alheio.
Existem pessoas que se acham perfeitas em sua maneira de agir, sem no entanto levar em consideração, o direito de liberdade de ação do próximo.
Legislar em causa própria, sob pretexto de agir em benefício de outrem, é camuflar um caráter corroído pela falta de escrúpulos e dignidade.
Avante todos, que se acham espertos, invencíveis, maquiavélicos e subestimam os que julgam ser inferiores a vós.
A bem da verdade, condição sócio-econômica inferior à classe alta, não significa menor capacidade de raciocínio e de solucionar crises.
Conheci analfabetos que gerenciaram com maestria, crises provocadas por letrados graduados, profissionais medianos e trabalhadores arrojados da baixa renda, sem no entanto, abrir mão de grande sabedoria, justiça e bondade, apenas usando o recurso de colocar cada um no seu devido lugar e provar que a empáfia que domina a muitos, nem tudo pode.
Ter um curso superior, não significa que se tenha uma capacidade maior de solucionar questões ou tornar a vida em comum melhor.
Tudo gira em torno do caráter, da dignidade de pensamento e ação e do desprendimento e consciência de que tudo no Universo é infinitamente igual, com mesma capacidade e direitos.
A diferença está nas ferramentas de que se faz uso, dentro do gráu de evolução espiritual e moral de cada ser.
Enganam-se os que pensam que tudo podem, no balaio da traição moral que carregam em seu mais secreto esconderijo, aquele cantinho escuro e feio de seus egos, que muitos escondem do mundo e que a ninguém é permitido se aproximar.
A vida sabe.
A vida vê.
O universo respira sua criação e sente o que não vai bem em suas entranhas.
Energias ocultas navegam por todo o cosmo, interpenetram nosso ser e varrem nossas entranhas, tomando conhecimento e registrando nossas ações.
Toda ação, mesmo que oculta, gera uma reação, tornando-a visível.
Ninguem, nada está isento da transformação de tudo o que existe no universo.
Somos um organismo inteiro, vivo, e todas as feridas que abrimos, sangram e tem que ser tratadas e cicatrizadas.
A natureza cobra exatamente a consequência do que fazemos.
Ninguém engana a vida.
O que se tira de outrem, repõe-se a duras penas.
Tragédias, cataclismas, desastres naturais, doenças incuráveis, sequelas físicas e mentais graves, perda total de bens materiais, vidas ceifadas ainda na infância e juventude, são acertos de conta da vida com quem deve.
E essa conta quem faz, não somos nós, é a vida, a mãe natureza que nos carrega em seu seio e nos dá toda a liberdade para construirmos a nossa realidade.
Se respeitamos, somos respeitados.
Se agredimos, somos agredidos.
Se roubamos, somos roubados.
Se trapaceamos, vamos para o final da fila.
Sempre haverá alguém ou situações inesperadas, que nos coloquem em nosso devido lugar, para aprendermos a ter respeito por tudo.
Respeito ao direito de ser, ter, usufruir e viver de todos igualmente.
Pode-se tirar sim, o que é dos outros, mas não sem ter que repor novamente, a duras penas, impostas pela própria vida.
É a Lei da Vida, que não escolhe o rico ou o pobre, o letrado ou o analfabeto, o bom ou o mau, mas apenas as suas atitudes perante seus semelhantes.
Cada um com a sorte que escolheu para si e não terá do que reclamar.
É fato!